ATA DA DÉCIMA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 27.07.1989.
Aos vinte e
sete do mês de agosto de mil novecentos e oitenta e nove, reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Décima Sexta Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa da Décima Legislatura. Às nove horas e
quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida
pelos Vereadores Artur Zanella, Clóvis Brum, Décio Schauren, Ervino Besson,
Isaac Ainhorn, João Dib, Lauro Hagemann, Luiz Machado, Valdir Fraga, Vicente
Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo, Titulares, e Cyro
Martini, Dilamar Machado, José Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda e Luiz
Braz, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente
declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Clóvis Brum que procedesse à
leitura do trecho da Bíblia. A seguir, determinou que fossem distribuídos em
avulsos cópias da Ata Declaratória da Décima Quinta Reunião Ordinária e da Ata
da Décima Quarta Reunião Ordinária, que foram aprovadas. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 06 Pedidos de Providências; pelo Ver.
Ervino Besson, 17 Pedidos de Providências; pelo Ver. Giovani Gregol, 03 Pedidos
de Providências; pela Verª Letícia Arruda, 01 Indicação; pelo Ver. Luiz
Machado, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Wilson Santos, 02 Pedidos de
Providências. DO EXPEDIETNE constaram: Ofícios nºs 597; 598 ; 599; 604; 605;
606; 607; 609; 620; 610; 611; 612; 613; 614/89, do Sr. Prefeito Municipal, A
seguir foi aprovado o Projeto do Decreto Legislativo nº 17/89, por nove votos
SIM, após ter sido discutidos pelos Vereadores Clóvis Brum, João Dib e Décio
Schauren, encaminhado à votação pelo Ver. Dilamar Machado, e submetido à
votação nominal a Requerimento verbal, aprovado, do Ver. Clóvis Brum. Foi
aprovado, ainda, Requerimento, do Ver. Décio Schauren, solicitando que o
Projeto de Decreto Legislativo nº 17/89 seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data. Após o Sr. Presidente comunicou ao Plenário que, a Requerimento do Ver.
Cyro Marini, o período de Comunicações da presente Reunião seria destinado a
assinalar o transcurso da Semana do Motorista, Dia do Motorista e Dia do
Despachante de Trânsito. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Nelson Souza Soares Rassier, Juiz de
Direito da 1ª Vara de Acidentes de Trânsito; Sr. Cláudio Fonseca, representando
o Sr. Secretário de Estado da Segurança Pública; Major Edgar de Souza
Inschauspe, representando o Comando Geral da Brigada Militar; Delegado Airton
Duarte Kneip, representando o Chefe da Polícia Civil; Sr. Luiz Carlos Schons,
Presidente do Sindicato dos Despachantes do Estado do Rio Grande do Sul;
Inspetor de Polícia Dário Letona, Motorista Modelo da Polícia Civil; Ver. Lauro
Hagemann, 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir o Sr.
Presidente solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as
autoridades e personalidades presentes, destacando, em pronunciamento alusivo á
solenidade, a importância do Motorista na história do progresso do País neste
século, bem como a figura do Despachante, que exerce um papel
desburocratizador. Em prosseguimento, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Ver. Cyro Martini, como autor da proposição, e em
nome das Bancadas do PDT, PL, PFL, PTB, PDS, e PMDB, disse que o presente ato
caracteriza-se pela homenagem àqueles que foram escolhidos, pelo Detran, e pelo
Município, como motoristas exemplares, bem como pelo conteúdo pedagógico,
didático e educacional, representado por todo um processo de conscientização,
tanto de motoristas quanto de pedestres. Lembrou que a Semana do Motorista é o
seu dia, vinte e cinco de julho, foram instituídos em nosso Estado, pelo
Departamento de Trânsito nos idos do ano de mil e novecentos e setenta, tendo,
atualmente, caráter nacional e encontrando-se em sua vigésima edição.
Discorreu, ainda, sobre as razões que mantiveram a criação da semana do
motorista, sobre estatísticas que esclarecem ser o trânsito o terceiro fator
responsável por mortes no País, bem como sobre a necessidade permanente de
campanhas de educação na referida área. Manifestou, também, sua admiração pela
classe dos despachantes, destacando o importante papel desempenhados pelos
mesmos, no auxílio à profissionais de muitas áreas, como intermediários entre estes e as diversas
repartições de trânsito, na Capital e no interior do Estado. O Ver. Lauro
Hagemann, em nome da Bancada do PCB e PT, congratulou-se com o Ver. Cyro
Martini, dizendo da oportunidade da presente homenagem, que possibilita uma
reflexão sobre a consciência do excessivo número de veículos existente, origem
da situação em que se encontra o trânsito hoje. Analisou o sistema de
transporte via rodoviária, adotado pela brasileira a partir de determinantes
econômicas, destacando que aprece ocorrer uma transformação psicológica do
homem quando na direção de um veículo, o que decorreria do entendimento de que
o não possuidor de automóvel estaria fora do contexto. Disse que, a seu ver, a
legislação do País não reprime com o devido rigor aqueles que cometem infrações
no trânsito e que, somente a educação e a reformulação da mentalidade de quem
se vê na condução de um veículo, não é suficiente, havendo a necessidade de uma
contenção individual como um componente diário de comportamento e um desenrolar
contínuo de campanhas na referida área. Congratulou-se, ainda, com a classe de
Despachantes de Trânsito e com todos aqueles que vivem desse ramo de
atividades. A seguir, o Sr. Presidente registrou a presença, em Plenário, do
Sr. João Pereira, Presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos, concedendo,
após, a palavra ao Sr. Cláudio Fonseca, Delegado Airton Duarte Kneip, Luiz
Carlos Schons e Inspetor Dário Letona que se pronunciaram acerca da presente
solenidade. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente declarou encerrados os
trabalhos desta Reunião Ordinária, às onze horas e trinta e um minutos, e,
igualmente, os da Primeira Comissão Representativa, convocando os Senhores
Vereadores para a retomada da Primeira Sessão Legislativa Ordinária, em sua
Septuagésima Quarta Sessão Ordinária, na próxima terça- feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariado
pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretario, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada por todos
os Vereadores presentes.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Temos, sobre a Mesa, um Pedido de
Licença do Sr. Prefeito Municipal que faremos a leitura a seguir.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê o ofício.)
Of. nº 620/GP Paço
dos Açorianos, 26 de julho de 1989.
Senhor Presidente:
Dirijo-me a Vossa Excelência para solicitar nos temos do artigo 61, da
Lei Orgânica, autorização desse Egrégio Legislativo, para viajar a Cidade de
São Paulo, com ônus para o Município, no dia 30-07-1989, a partir das 20h, com
retorno previsto para o dia 31-07-1989, às 23h e 30min, a fim de participar da
reunião que a Prefeitura Paulista fará com prefeitos brasileiros, especialmente
dos das capitais.
O evento terá a importante participação do Senhor PIERRE MAUROY que foi
1º Ministro da França, durante o primeiro período de governo do Presidente
François Miterrand. Atualmente é Prefeito da Cidade de Lylle e Presidente da
Federação mundial de Cidades Unidas. Como Presidente, apresentará aos prefeitos
do Brasil os objetivos e as perspectivas da Federação que dirige, com relação à
América Latina, em especial sobre o Congresso Mundial de entidades que
realizar-se-á em outubro de 1990, na Argentina. Também falará sobre o
desenvolvimento e a planificação dos Transportes Urbanos, cuja reunião está marcada
para o próximo ano em São Paulo.
A pauta principal da reunião para o qual fui convidado tem como
fundamento a Organização dos Municípios e a sua Relação com o Poder Central e a
Comunidade Internacional. Na ocasião, será discutida a continuidade dos trabalhos
de uma frente nacional de prefeitos e sua articulação com outras associações
que lutam em defesa dos municípios.
Fazendo parte da comitiva do Senhor Pierre Maurroy, estarão presentes o
Doutor Ramon Mestre, Prefeito de Córdoba – Argentina e Presidente da FMCU para
a América Latina, Senhora Susana Delbo.
Concomitantemente à participação deste evento, assinarei representando a
Prefeitura de Porto Alegre um importante Convênio de cooperação técnica com a
Prefeitura de Nancy, destinado a investimentos, numa primeira etapa na área dos
transportes coletivos.
Aguardando o favorável pronunciamento dessa Colenda Casa, envio a Vossa
Excelência meus cordiais cumprimentos.
(a) Olívio Dutra, Prefeito.
PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO
Autoriza o Prefeito Municipal de Porto Alegre a se afastar-se do Estado
nos dias 30 e 31 de julho de 1989.
Art. 1º - Fica o Prefeito Municipal de Porto Alegre, Bel. Olívio Dutra,
autorizado a afastar-se do Estado, nos dias 30.07.1989 a partir das 20 horas, e
31.07.1989, com retorno previsto para as 23h30min, com ônus para o Município, a
fim de participar da Reunião que a Prefeitura Paulista fará com Prefeitos
brasileiros, especialmente os das capitais e cuja a pauta principal terá como
fundamento “A Organização dos Municípios e a sua Relação com o Poder Central e
a Comunidade Internacional.
Art. 2º - Este Decreto Legislativo entra em vigor na data da sua
publicação.
Art. 3º - Revogam as disposições em contrário.”
Parecer nº 10/89 – Comissão Representativa
Vem a este relator, para Parecer, o Proc, nº 2086/89 – Interno,
originado pelo Of. nº 620/GP, de 26 de julho de 1989, através do qual o Sr.
Prefeito Municipal de Porto Alegre, solicita autorização nos termos do artigo 61
da Lei Orgânica, a fim de participar da reunião que a Prefeitura Paulista fará
com prefeitos, especialmente os da capitais.
De acordo, é a posição deste Vereador, quanto a solicitação encaminhada
à Câmara de Vereadores.
É legal e regimental e cumpre o mandamento orgânico do Município.
Pela aprovação, com o Projeto de Decreto Legislativo nº 017/89.
(a) Ver. Lauro
Hagemann – Relator.”
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, peço a palavra
para discutir.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para discutir, o
Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
das 15, 16, 17, me socorre o atilado Ver. Dilamar Machado, sempre presente
nesta contagem de viagens do Sr. Prefeito Olívio Dutra do PT, é a primeira que
ele apresenta à Casa uma perspectiva de trabalho. Uma expectativa de trabalho
para algum benefício à Cidade de Porto Alegre.
Olha, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu havia já me manifestado que
não estava mais disposto a votar favorável a essas viagens partidárias do
Prefeito do PT, Olívio Dutra, mas este pedido ele manda no ofício encaminhado
ao Ver. Valdir Fraga, Presidente da nossa Casa, dizendo que vai à São Paulo com
ônus para o Município. Isto já me tranqüiliza porque dá a entender que
realmente ele vá, das 17 viagens, a primeira, a serviço da Cidade. Por isso,
Sr. Presidente, nós vamos não só encaminhar favorável, como também votar
favorável, na certeza de que no retorno, o Prefeito Olívio Dutra envie duas
linhas a esta Casa dizendo como é que foi, o que de bom aconteceu neste
encontro em favor dos Municípios, das Capitais, porque me perdoe o único
representante do PT nesta Reunião, dos 9 que o PT elegeu, tem um aqui
representado com qualidade, com competência, o restante da Bancada. Mas me
perdoe este único representante do PT nesta manhã, eu não poderia deixar de
fazer este registro, porque o Prefeito andou viajando muito, tratando de
política, eu diria que em termos de dias úteis o Prefeito, neste quase 1/3 do
período que administra a Cidade, vem tratando de campanha eleitoral em São
Paulo. Nos sucessivos pedidos de licença, em consideração aos dias úteis da
administração do Prefeito Olívio Dutra do PT, praticamente ¼ o Prefeito esteve
fora da Cidade, tratando dos problemas do seu Partido, o Partido dos
Trabalhadores.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu não me inscrevi para discutir e votarei favorável
à licença do Sr. Prefeito pelas razões expostas por V. Exª. É um pedido
devidamente instruído e está plenamente justificada a ausência do Sr. Prefeito
por um curto período de tempo. Mas gostaria neste breve aparte de registrar a
minha estranheza no que eu classificaria até como uma falta de consideração da
Bancada Petista com o Sr. Prefeito, na medida em que está apenas com um
representante da sua Bancada, nesta Sessão, no momento em que estamos para
votar um Requerimento desta importância para o Prefeito Municipal. Apenas este
registro, esta estranheza que eu classifico como uma falta de consideração da
Bancada do PT com o Sr. Prefeito do mesmo Partido. Sou grato a V. Exª.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu agradeço Vereador, eu talvez
não tenha procuração da Bancada do PT para defendê-la, vai ver que a Bancada do
PT não sabia de que este Requerimento chegaria à Casa, ou que seria votado. Eu
não acredito que a Bancada do PT não estaria aqui para dar, no mínimo,
“quorum”, para votar, ou por outra está havendo uma rebeldia. Não acredito que
a Bancada do PT vá se rebelar contra a ida do Prefeito para realizar uma viagem
de serviço à São Paulo. Eu tenho a impressão de que a Bancada do PT não sabia,
eu fico com a idéia de que não sabia que iríamos votar este Requerimento, por
isso não faço nenhum comentário a este respeito, porque se souber que a Bancada
do PT sabia deste Requerimento, Ver. Líder do PDT, é uma flagrante tentativa
de... É um motim, já que tem bastante policiais hoje aqui na Casa, é um motim
contra o Prefeito, que não pode-se repetir, Ver. Wilton Araújo, de maneira
nenhuma. Eu espero que a Liderança do PT esteja mais atenta a estas votações,
porque senão o PMDB, o PDT, o PDS, o PTB, o PFL, o próprio PCB não vão
conseguir votar a favor do Sr. Prefeito, quando a sua Bancada está ausente e
omissa numa viagem importante como esta, numa viagem de trabalho, e por isso
votamos favorável na certeza de que esta deve ser a 17ª, 18ª, 19ª, ou 20ª,
sejam também viagens de trabalho. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib,
pelo PDS.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Eu também tinha dito que votaria contrariamente às viagens de S. Exª, o Sr.
Prefeito, quando se tratasse de representar o seu Partido. Mas agora o Prefeito
vai debater problemas Municipais, vai participar de uma reunião com Prefeitos
brasileiros, especialmente de Capitais. Espero que haja um bom número de
participantes. E vai estar presente o Prefeito da Cidade de Lylle, na França,
Sr. Pierre Mauroy, que vai falar como se administra uma cidade, vai falar sobre
planificação de transportes urbanos, e a organização dos Municípios e a sua
relação com o Poder Central e a Comunidade Internacional. Pode ser que S. Exª,
o Sr. Prefeito Olívio Dutra, aprenda, também, a examinar o orçamento. É uma
análise que eu pretendo fazer hoje, desta tribuna, porque a Administração
Municipal tem falado no orçamento de ficção e, realmente, o orçamento Municipal
é um orçamento de ficção, feito com base de estimativa de um crescimento de
menos de 400%. E o que nós estamos verificando de verdadeiro nesta ficção é que
algumas rubricas orçamentárias, no primeiro semestre, cresceram muito acima de
1000% e as despesas não cresceram acima de 1000% no primeiro semestre em
relação ao primeiro semestre do ano passado. O Dr. Alceu Collares, Prefeito do
ano passado, realizou obras, pagou o funcionalismo e não dizia que só teria
alguns centavos para administrar a Cidade o ano inteiro. É por isso que vou
votar favorável, se houver quórum para votação, e até estou fazendo tempo na
tribuna porque pode ser que a Bancada do PT compareça e, se estiver faltando
quórum, o complete, porque se nós não votarmos agora, S. Exª o Sr. Prefeito não
vai viajar. Mas, então vai o apoio da Bancada do PDS e, depois, faremos uma
análise, aqui, já pronta, do orçamento de ficção desta Cidade, que não está havendo
obras. Aliás, esta semana eu descobri uma obra de 100 metros de pavimentação lá
na Av. Protásio Alves. Já não está invicta, já está fazendo uma obra a
Administração Municipal. Pode ser que em São Paulo aprenda a fazer mais. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Décio
Schauren.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
em primeiro lugar, quero esclarecer as preocupações dos Vereadores Vieira da
Cunha e Clóvis Brum, quanto à ausência dos Vereadores do PT que compõem a
Comissão Representativa. Fomos a um encontro sobre Lei Orgânica, em Belo
Horizonte, o qual terminou ontem, eu acho que fui mais feliz do que meus
colegas porque consegui passagem de avião e retornei ontem mesmo, enquanto os
outros estão a caminho. Consideramos que a Lei Orgânica é uma questão muito
importante, de muita responsabilidade não só para nós, Vereadores do PT, como
também para os demais Vereadores da Capital. Considero importante essa nossa
participação lá. Quanto à viagem do Prefeito Olívio Dutra, evidentemente que
encaminhamos de maneira favorável. Há duas questões que consideramos
importantes: primeiro, a participação do Prefeito de Lylle, o Prefeito da
Cidade de Córdoba e outras autoridades importantes da França, que falarão sobre
desenvolvimento e planificação dos transportes urbanos. Além disso, o Prefeito
Olívio Dutra vai assinar um convênio de Cooperação Técnica com a Prefeitura de
Nancy, que é destinado a investimentos, numa primeira etapa, a área do
transporte coletivo. A segunda questão que coloco é que o Prefeito participa da
frente de Prefeito, uma frente nacional de Prefeitos, principalmente Prefeitos
Progressistas, não só do PT, mas de vários outros Partidos, que estão tendo
enormes dificuldades para liberação de recursos a que tem direito. Esta
liberação está sendo dificultada ou não há liberação por parte do Governo
Federal. Então, está se formando uma frente nacional de Prefeitos para
pressionar o Governo Federal para liberar os recursos a que tem direito. E o
nosso Prefeito Olívio Dutra participa desta frente. Por isso nós encaminhamos
favorável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação. Encaminhada pelo PDT
o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
evidentemente o PDT vota favorável à Liderança solicitada pelo Prefeito Olívio
Dutra, por várias razões já expostas por outros Vereadores. Agora, dois reparos
para o encaminhamento do nobre Ver. Décio Schauren, evidente que a questão da
Lei Orgânica Municipal é fundamental, importante, nós estaremos em processo
constitucional do Município dentro de poucas semanas.
Mas é importante, Ver. Décio, é que o assunto seja tratado a nível de
Porto Alegre. Tanto que nestes dias que a Bancada de V. Exª comparece a Belo
Horizonte, como Relator da Comissão Especial da casa, eu estive na Casa e estou
entregando hoje, inclusive a V. Exª , na minuta do Requerimento interno da
nossa Lei Orgânica, que é o primeiro passo a ser discutido entre os Vereadores
para que possamos ter consciência, desde já, de como vamos nos reunir, de como
vamos realizar os trabalhos de alteração, de elaboração da nova Lei Orgânica,
inclusive com a criação da Comissão Temática e a definição da participação de
todas as Bancadas na Comissão de Sistematização que irá até abril do ano que
vem elaborar a nova Carta do Município de Porto Alegre.
Com relação às experiências que possam os Prefeitos Progressistas,
reunidos em São Paulo, colher de Prefeitos da França, eu queria dizer a V. Exª
que na Capital Francesa, para se ter uma idéia do que é a administração a nível
internacional, existem 36 prefeitos distritais. Então é muito difícil adaptar
um sistema administrativo de um País altamente industrializado como a França ao
País em que vivemos, que é um País subdesenvolvido em fase de crescimento e
submetido inclusive à política internacional. De qualquer forma, a viagem nos
parece lógica, pela primeira vez o Prefeito encaminha a esta Casa um Pedido de
Licença sem constar do pedido a lacônica frase de que vai em reunião partidária
sem ônus para Porto Alegre.
Gostaria de colocar, Ver. Schauren, que em Paris não é o Prefeito que
designa um companheiro seu de Partido para a administração regional do Brás, da
Moca, de Pinheiros, ou seja lá o que for. Em Paris os Prefeitos são eleitos
pela comunidade, são eleitos 36 Prefeitos em cada bairro de Paris, em cada
divisão administrativa. É um outro tipo de administração, me parece muito
avançado e apropriado, talvez numa futura legislação constituinte no País ou
mesmo, quem sabe, no nosso estudo da Lei Orgânica do Município se possam
incluir estudos nesse sentido para encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral,
mas de qualquer forma me parece válida a ida do Sr. Prefeito, vamos votar
favorável. Mas gostaríamos que esta viagem trouxesse de volta o Prefeito Olívio
Dutra definido a discutir com esta Casa e com a comunidade de Porto Alegre uma
série de problemas que afetam Porto Alegre, hoje, como transporte coletivo,
segurança pública, obras públicas, educação, saúde pública. Não ouço resposta
do PT com relação à situação do Pronto Socorro, não vejo uma solução lógica com
relação às empresas de transporte coletivo sob intervenção, não há renovação de
frota, não vejo solução lógica com relação à situação salarial dos funcionários,
estão aí os funcionários públicos municipais se encaminhado lamentavelmente,
para uma greve, porque o Prefeito insiste em dizer que a Casa Legislativa está
criando lei para dar aumento, quando na realidade estamos apenas tentando fazer
cumprir a Lei. De qualquer forma, o encaminhamento é favorável, votamos pela
viagem do Prefeito, e, temos, por outro lado, uma compensação. Durante dois
dias Porto Alegre será administrada pelo ilustre Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, Ver. Valdir Fraga, já é um conforto para o PDT. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro a
votação nominal.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver.
Clóvis Brum. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como estão.
(Pausa.) APROVADO
Solicito ao 1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs.
Vereadores para a votação.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede a chamada nominal dos
Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 09 Srs. Vereadores votaram SIM.
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto.
(Votaram SIM os Vereadores: Clóvis Brum, Décio
Schauren, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, Luiz Machado, Vieira da Cunha, Wilton
Araújo, João Dib, Lauro Hagemann.)
Sobre a Mesa Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando
seja o PDL nº 017/89, dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para
sua Redação F inal, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Srs. Vereadores, neste momento nós temos por solicitação do Ver. Cyro
Martini uma Sessão para homenagear o transcurso da Semana do Motorista, bem
como para assinalar também o transcurso do Dia do Despachante de Trânsito,
atendendo o Requerimento do Ver. Cyro Martini, aprovado por unanimidade por
esta Casa.
Foi colocado aqui como se fossem 10 minutos, mas nós vamos ampliar este
tempo conforme as necessidades dos oradores e dos homenageados.
Vão fazer parte da Mesa, para honra nossa: o Dr. Nelson Souza Soares
Rassier, Juiz de Direito da 1ª Vara de Acidente de Trânsito; Sr. Cláudio
Fonseca, Presidente do Conselho Estadual de Trânsito e representando o Sr.
Secretário de Estado da Segurança Pública; Major Edgar de Souza Inschausp,
representando o Comando-Geral da Brigada Militar; Delegado Airton Duarte Kneip,
representando o Chefe da Polícia Civil; Sr. Luiz Carlos Schons, Presidente do
Sindicato dos Despachantes do Estado do Rio Grande do Sul; Inspetor de Polícia
Dário Letona, Motorista Modelo da Polícia Civil; e já está conosco o Ver.Lauro
Hagemann. Eu solicito aos Vereadores Líderes por gentileza irem à sala da
Presidência e convidar os nossos convidados especiais para se deslocarem para o
Plenário. Período de Comunicações destinado a assinalar o transcurso da Semana
do Motorista, Dia do Motorista e Dia do Despachante de Trânsito.
Requerimento encaminhado pelo Ver. Cyro Martini, aprovado por
unanimidade por esta Casa, e nós recebemos com muito prazer os nossos
convidados especiais e as demais autoridades presentes, os companheiros
motoristas, companheiros despachantes, senhores e senhoras.
Na história do progresso brasileiro, neste século, o motorista insere-se
como um soldado da primeira hora, da primeira linha de frente, um herói
anônimo, ajudou a arrancar este País em poucas décadas. Caminhões que gemiam
nas antigas estradas barrentas, enfrentando os tatus em curvas ameaçadoras,
hoje, os modernos caminhões quase tão luxuosos como os nossos automóveis e
ainda com estradas não barrentas, mas com asfaltos esburacados; às vezes com
alguns precipícios ao lado, até
mesmo no meio das estradas. Pois estes são os nossos motoristas, que nós
estamos homenageando hoje, esta Casa, os Vereadores presentes, os que estão
viajando representando a Casa, os funcionários da Casa e a Cidade. Os nossos
despachantes que aqui estão e que nos tem auxiliado muito, facilitando a
burocracia, desburocratizando esses encaminhamentos, nos quais muitas vezes a
gente perde dias e dias, mas passando ali e entregando para um desses
companheiros, a coisa fica mais rápida do que um telex da Embratel. Nossos
cumprimentos, como Presidente da Casa.
O primeiro Vereador que falará em nome da Casa é o Ver. Cyro Martini,
autor da Proposição. Ele falará em nome da sua Bancada, o PDT, e em nome das
Bancadas do PL, PFL, PTB, PDS, e PMDB.
Com a palavra, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente desta Casa,
Ver.Valdir Fraga; Dr. Nelson Souza Soares Rassier, Juiz de Direito da 1ª Vara
de Acidentes de Trânsito; Sr. Cláudio Fonseca, Presidente do Conselho Estadual
de Trânsito; Inspetor de Polícia Dario Latona, representando os motoristas
modelo da Polícia Civil e da Prefeitura Municipal. Entre nós também estão os
distintos Presidente da UGEIRM, Inspetor Samuel Teixeira; Comissário Otacílio
Gonçalves representando a ACP, Associação dos Comissários; o Presidente do
Sindicato dos Condutores Autônomos, nosso distinto e dileto amigo Lino,
representantes das auto-escolas, amigo Brum. Para nós citarmos todos os que
aqui estão, na qualidade de representantes de entidades, todos, nós correríamos
o risco de cometer um esquecimento, o que seria uma grave injustiça. Por isso
queremos representar todos os que aqui estão através dos que mencionamos. O
ato, ele se reveste, de um lado, em homenagem, e, de outro lado, de um cunho
pedagógico. A homenagem dedicada ao motorista, caracterizadamente àqueles que
foram escolhidos como motoristas padrão, motoristas modelo, motoristas
exemplares, pelo Detran e pelo Município. O cunho pedagógico, o cunho didático
e educacional está, justamente, no aproveitamento que se faz, na divulgação que
se promove deste ato através do qual se desencadeia todo um processo de
conscientização e de persuasão com a finalidade de conter o ímpeto dos nosso
motoristas a par de, por via indireta, também promover a conscientização do
nosso pedestre. É interessante para aqueles que ainda não conhecem, acredito um
número muito reduzido, entre os que estão presentes a este ato, a Semana do
Motorista e o Dia do Motorista, dia 25 de julho foram escolhidos, foram
estabelecidos, foram criados pelo Departamento de Trânsito do Estado do Rio
Grande do Sul. Hoje esta semana já tem caráter nacional até. Mas ela foi criada
por nós. Foi criada nos idos de 1970.
Então, este ano quando se promove a Semana do Motorista nós estamos na
edição 20ª desta promoção. A vigésima Semana do Motorista. Por que se criou?
Por razões de ordem didática, por razões de ordem educacional, por um lado, e,
por outro, porque a partir da Resolução 420, do Conselho Nacional do Transito,
que é do ano de 1969, lá, dentre as diretrizes estabelecidas, havia uma que
impunha aos órgãos da Administração do Trânsito de um modo geral dedicar uma
parte especial ao motorista, especialmente neste sentido de recolher entre os
motoristas amadores ou profissionais aqueles que serviram como modelo, como
exemplo, não premiá-los, mas para usá-los como instrumento a fim de que, neles,
os outros se espelhem de modo a agir mais prudente, mais consciente, mais
responsável no nosso trânsito. Mas porque dia 25 de julho? Por causa de São
Cristóvão, aquele que carregou cristo nas costas tem a sua data em 25 de julho,
então essa foi uma criação lá nos idos de 70, que o DETRAN daqui promoveu e do
qual tem-se orgulhado no curso do tempo. Vejam que não é apenas uma homenagem é
também uma oportunidade para se promover um processo de conscientização e de
persuasão no sentido de melhoria do nosso trânsito. O trânsito, no ano passado,
todos sabemos, matou cerca de 50 mil pessoas no Território Nacional. Mutilou,
feriu mais de 300 mil pessoas e em termos de prejuízos causou um prejuízo que,
se a memória não me falha, anda a redor de dois bilhões de dólares.
Então, quando nós vimos alguns vetos à educação para o trânsito por
parte destas ou daquela autoridade eu até acho estranho, porque acredito que
todos aqui se surpreendam, porque hoje matar mais do que o trânsito dentro do
País são poucas as enfermidades, seria a terceira causa de mortes no Brasil.
Isto é lamentável e a estupidez, a irracionalidade, a gravidade maior é que nós
estamos tratando de mortos que gozavam de boa saúde, não mortes acometidas por
problemas ontológicos ou de problemas cardiopáticos, não, jovens, crianças e
até pessoas idosas no gozo de boa saúde sucumbem estupidamente sob as rodas dos
veículos automotores e se uma pessoa apenas morresse no País teria que ser
motivo para se promover uma comoção nacional, porque é uma pessoa sadia que
morreu estupidamente. Quando falamos em quebra-mola diante dos estabelecimentos
escolares, não queremos impedir a fluidez do tráfego; estamos querendo, isso
sim, resguardar a integridade física das pessoas. Quando falamos em direitos
humanos, muitas vezes nos esquecemos que justamente no tráfego é onde mais
esses direitos são desrespeitados no território nacional e isso ocorre, justamente,
naquilo que é mais sagrado: a vida humana. É uma área que merece muito
respeito, muito cuidado. Temos a Semana Nacional do Trânsito. Temos os nossos
motoristas-modelo, que aqui estão para servirem de exemplo àqueles que, nas
rodovias nacionais, nas vias urbanas do Brasil, não têm o comportamento que
gostaríamos que tivessem. A causa maior dos chamados acidentes de trânsito é a
falha humana; 80/90% reside na irresponsabilidade do ser humano. Isso se dá
através do excesso de velocidade, ultrapassagens inadequadas, embriaguez e uma
série de outras formas como a imprudência, a negligência, a imperícia. Isso
dentro da nossa compreensão. Acredito, assim como muitos que militam há tempo
dentro da área administrativa do trânsito, que há muitas formas de comportamento
que não são, na verdade, apenas imprudentes, são formas dolosas, uma vez que
produziram o fato.
Entretanto, ainda não chegamos a esse ponto como maneira de coibir, de
obstar esse desvario, esse massacre total. Aliás, falando sobre massacre e os
resultados positivos pedagógico-educativos de trânsito, eu me lembro que ainda
na década de 70 foi promovida, por uma empresa jornalística, uma campanha
“Massacre ou bom senso”, que teve uma repercussão profunda e conseqüências
positivas que perderam por longo tempo. Muitas vezes, se dizem que apenas os
jovens, as crianças poderão ter o seu comportamento, a sua conduta modelados,
na forma tradicional da pedagogia, que através do modelo se estabeleça uma
maneira de comportamento. No meu entendimento, e acredito que no entendimento
daqueles que trabalham no campo da opinião pública, como os jornalistas, e
daqueles que trabalham no campo da publicidade, da propaganda, é uma forma
equivocada. Nós temos condições de promover a alteração, modificação, no
comportamento do adulto também, desde que promovamos um trabalho bem elaborado
e que alcance, em extensão e em profundidade, a todos. Não há, dentro do
trânsito, ou mesmo fora dessa área, porque pensar que o galho depois de torto
não há como recolocá-lo de uma forma correta. Isso é um equívoco. Se nós, do
Poder Público, dissermos que não temos dinheiro para promover o trabalho
pedagógico através das formas de divulgação pelos meios de comunicação
adequados, eu até compreendo, mas daí a querer desculpar-se dizendo que não há
como modificar o comportamento do adulto é, para mim, um engano de grandes
conseqüências. Cinqüenta mil mortos! Este ano esperam 75 mil mortos! Isso é de
uma gravidade espantosa! É verdade que no curso do tempo em Porto Alegre, a
situação melhorou. Nós teríamos que tomar medidas ultra-drásticas se tal não
tivesse ocorrido. Nós tínhamos, no ano de 1968, em Porto Alegre, registrado 61
mil veículos. E naquele ano nós tivemos, em Porto Alegre, 112 mortos. A partir
daí, se nós projetarmos, nós teríamos este ano de 1989, 826 mortes no trânsito.
Todavia, para nosso alívio, alívio em termos, porque enquanto tiver um morto é
um fato gravíssimo, não chegamos a tanto. Neste ano último passado, tivemos 234
mortos em Porto Alegre. E este ano 128 mortes até o mês de maio. São números
que ainda impressionam e devem impressionar. O Governo Federal, neste ano, que
é o Ano Brasileiro de Segurança no Trânsito, deve desenvolver o Programa
Nacional de Segurança no Trânsito. Se a partir daí não forem alocados recursos
financeiros capazes de promover um trabalho profundo, eu não consigo entender.
Se não temos um morticínio terrível dentro desta área, nós teremos que ter
melhores condições.
A década de 70 foi uma década que apavorou, em matéria de trânsito. Nós
tivemos em 1970, em Porto Alegre, 176 mortos; em 1972, 257 mortos; em 1973 o
mesmo número de mortos que tivemos o ano passado e, em 1973, a frota de Porto
Alegre não era de 450 mil como é hoje, era de cerca de 150 mil. Projétil, nós
teríamos, hoje, mais de mil mortos no trânsito de Porto Alegre. Melhoramos, nem
poderia ser de outra forma. Caso contrário nós teríamos que suspender todo o
tráfego de Porto Alegre, todo o tráfego das nossas rodovias e outras cidades.
Mas, quando estamos numa Casa como esta aqui, a Câmara de Vereadores de Porto
Alegre, também não podemos esquecer que não é apenas o comportamento
irresponsável do motorista que causa acidentes ou do pedestre que promove
acidentes, também há fatores alheios à vontade do motorista que podem favorecer
a ocorrência dos acidentes. Então, a partir daí, temos que pensar o que fazer
dentro da nossa Cidade para não proporcionar condições favoráveis para que o
motorista irresponsável cause algum acidente. Quando vemos o nosso
representante no Judiciário, Dr. Rassier, nos lembra de uma coisa, de algo que
a Legislação de Trânsito inclusive já fala a respeito dela, que é o Código de
Delitos de Trânsito, que até hoje não foi implantado; Código Específico do
Trânsito. Quando falamos em educar ou fiscalizar, cometemos um erro, temos que
simultaneamente tanto promover a educação quanto, por outro lado, aplicar a
Lei. Isso é doutrina internacional, não sou eu, são os famosos três “Es”:
Engenharia, Educação e Leis ou, para manter os três “Es”, energia. Isso com
relação aos nossos motoristas, para aqueles que foram agraciados, os nossos
parabéns, e para os outros as nossas recomendações de que eles,
lamentavelmente, são os grandes responsáveis pela nossa situação de massacre,
de mortandade no trânsito brasileiro. De outra parte, estamos aqui, hoje, para
prestar uma homenagem a uma classe pela qual tenho, desde o início da minha
carreira, da minha atividade como funcionário público, um respeito e uma
admiração muito grande, são os despachantes. Os despachantes muitas vezes são
incompreendidos por quem não olha de perto, por quem não cuida de perto, não
observa de perto suas atividades. Eu sempre digo em todas as oportunidades,
quer entre os despachantes, quer quando falo fora da área deles sobre eles,
que, em primeiro lugar, se os despachantes não fossem necessários eles não
existiriam. Se a profissão existe e em número de escritórios favorável, já de
plano nós concluímos que eles existem porque são necessários, que são
imprescindíveis ao bom andamento das coisas do nosso meio. Quando o cidadão
precisa registrar o seu veículo, licenciar o seu veículo, descobrir se o seu
caro tem multa, encaminhar a sua habilitação é que ele se dá conta de que ele
não conhece, não sabe o que precisa, o que não precisa. Quando eu fui Diretor
de Trânsito eu sempre procurava dizer aos funcionários que aquilo tudo que eles
faziam dentro dos seus setores, para eles, era fácil, agora, para o cidadão que
comparecia àquela repartição, quando muito uma vez por ano, não tinha nada de
fácil o que eles lá faziam. Daí porque nós temos que entender as dificuldades
do cidadão e procurar sempre facilitar o nosso trabalho, dentro daquilo que
acho que deve ser a função pública, jamais complicar e, sim, simplificar.
Mas o despachante, para aquele cidadão, o industrial, o comerciante, o
funcionário público, todo o profissional que tem o seu tempo tomado por seus
afazeres, ele está lá pronto para encaminhar o seu problema dentro da área da
repartição de trânsito, na Capital o DETRAN, ou no Interior do Estado, na
circunscrição de trânsito, na Delegacia de Polícia. É uma classe que merece
todo o nosso respeito, toda a nossa consideração e, hoje, no Dia do
Despachante, dia 27 de julho, eles merecem, também, o nosso aplauso o nosso
apoio, o nosso reconhecimento. Uma classe que, onde não há uma autoridade ou um
funcionário de trânsito, ele está presente par dizer o que é necessário.
Quem for para a Zona Sul de Porto Alegre e encontrar um despachante ou
para a Zona Norte e encontrar um escritório de despachante e tiver
disponibilidade de tempo que entre no escritório do despachante, ele vai
constatar que, se não fosse o despachante, aquele cidadão que perguntou uma
coisa simples para quem lida com os mistérios do trânsito, se não tivesse
aquele despachante, teria que ir lá no DETRAN para perguntar, e certamente
teria que entrar numa fila, porque o número de questionadores é muito grande.
Então só por aí eu sempre digo que o despachante é um braço que se alonga na
Cidade, no Município, no Estado, da repartição pública de trânsito. Se nós formos
no interior do Estado, nós só vamos ver que só tem repartição de trânsito na
sede do Município. Mas lá no vilarejo, lá no fundo do Município tem
despachante, e ele vai dizer o que é que precisa para fazer isto, fazer aquilo,
e as consultas eles não cobram, se fossem cobrar teriam razão para cobrar muito
mais do que profissionais liberais de outra área. Eles apenas respondem de modo
amistoso, é raro o despachante que não seja educado, polido, cortês, gentil e
pronto a responder àquele que lhe indaga, que lhe questiona a respeito.
Então este é um assunto sobre o qual sempre que falo me entusiasmo, me
empolgo, que é uma área com a qual eu tenho vários anos de ligação, de elo,
desde 1968, quando cheguei a primeira vez no Departamento de Trânsito e de lá
para cá são 21 anos, sempre relacionado com o trânsito, com os funcionários
dessa área, com os despachantes, com as auto-escolas, com esse universo todo
que está em torno do trânsito. E sei que todos nós temos que nos dar as mãos,
agora, para homenagear o nosso motorista-padrão, para homenagear, com toda a
justiça, o despachante de trânsito, nos dar as mãos para fazer também, de uma
vez por todas, entenderem que o trânsito merece atenção por parte dos poderes
públicos, por parte do Governo Federal, por parte do Governo do Estado, por
parte do Governo do Município. Não é possível que nós continuemos a lamentar
apenas as mortes daqueles que sucumbem no verdor das suas vidas no tráfego,
miseravelmente, portanto.
Então, por aí, a nossa lembrança, de um lado, a homenagem, e, de outro,
no sentido de que nós todos, como autoridades militantes do poder público,
devemo-nos conscientizar de que o trânsito merece a nossa atenção para que
deixe de ser um local de morte para tornar-se aquilo para o que existe; o local
de vida, de fluidez, de progresso e de desenvolvimento.
Muito obrigado pela atenção e pela paciência dos os senhores.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente Ver. Valdir Fraga;
Inspetor de Polícia Dário Letona, Motorista Modelo da Polícia Civil; demais
autoridades presentes, convidados, Srs. Vereadores.
Tenho a satisfação de falar em nome das Bancadas do PCB e do PT, nesta
solenidade, em boa hora solicitada pelo Ver. Cyro Martini, um homem sabidamente
ligado a este setor de atividade. Hoje, a sociedade lamenta, a toda hora, as
conseqüências de um excessivo número de veículos, as mortes que se sucedem com
pessoas conhecidas, parentes, amigos, mas poucas vezes a gente tem a oportunidade,
como numa ocasião como esta, de refletir um pouco sobre o que provocou a
situação atual. A chamada civilização brasileira, se podemos assim dizer,
exagerando um pouco, ela enveredou no sistema de transporte pela via
rodoviária. É claro que isso obedeceu a determinantes econômicas. Hoje, o País
vive praticamente sobre rodas e até o transporte individual é incrementado,
exacerbado por uma disputa sem medidas. O homem, hoje, que não tem um
automóvel, não é um ser inserido no contexto e parece que o homem, ao ver-se na
direção de um veículo automotor, ele se transforma psicologicamente. O ser
pedestre passa a ser um ser menor. Por outro lado, a legislação brasileira, no
meu entendimento, ela não reprime, com o rigor que deveria reprimir e com
exemplos que temos em outros países mais adiantados os chamados delitos de
trânsito. Parece que se prefere multar os veículos mal estacionados ao se
praticar uma ação mais rigorosa contra aqueles que praticam infrações no
dia-a-dia do trânsito. Isso tudo funciona com um processo deletério, e é por
isso que estamos, diariamente, lamentando perdas em acidentes produzidas por
esse tipo de atividades. É justamente por esta razão que ocasiões como esta são
muito necessárias para que se reflita sobre o papel que desempenha o cidadão
neste processo. A nossa sociedade evoluiu para um sistema de transporte
rodoviário e isso produziu, ao natural, uma conseqüência que é esta exacerbação
de quem se vê na direção de um veículo automotor. O sistema competitivo em que
vive a nossa sociedade nos ajuda a produzir mais exacerbação. É por isso que só
a educação, só uma reformulação da mentalidade de quem se vê na condução de um
veículo não é suficiente. Nós prestamos a nossa homenagem aos motoristas
agraciados com reconhecimento de modelo. Este motorista deveria ser cada um de
nós, e não apenas aqueles que são exaltados. Isso deveria ser uma regra comum
de comportamento, e não um comportamento extraordinário. Por isso, me sinto
muito à vontade para prestar também a minha homenagem aos motoristas: é uma
categoria profissional, seja de que ordem for, que cumpre um papel importante,
ela é o futuro do caminho que trilhamos, e, por isso, eles merecem o nosso
respeito e a nossa atenção, sempre que possível, para dizer-lhes que procurem
se conscientizar de que são também seres humanos que convivem nesta sociedade
confusa, para que não se pratique atos delituosos, para que a contenção
individual seja um componente diário de comportamento e, sobretudo, que essas
campanhas de educação tenham um desenrolar contínuo e que elas possam ser bem
aproveitadas por todos aqueles que, direta ou indiretamente, dependem deste
sistema de comunicação individual de ir e vir. Por isso, me congratulo, mais
uma vez, com o Ver. Cyro Martini pela iniciativa que teve e deixo aqui as minas
congratulações em nome do PCB e do PT aos srs. motoristas, aos srs.
despachantes de trânsito, a todos, enfim, que vivem deste ramo de atividade.
Sou grato. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós registramos, com muito prazer,
também, a presença do Sr. João Pereira, Presidente do Sindicato dos Condutores
Autônomos. Seja bem-vindo.
Concedemos a palavra ao inspetor de Polícia Dario Latona, motorista
modelo da Polícia Civil.
O SR. DARIO LATONA: Sr. Presidente Municipal da Câmara
de Porto Alegre, Ver. Valdir Fraga. Dr. Nelson Souza Soares Rassier, Juiz de
Direito da 1ª Vara de Acidentes de Trânsito; Srs. Vereadores, meus colegas
agraciados aos quais hoje tenho a honra de representar e senhores presentes.
Se algum dia alguém me dissesse que eu, em algum momento, teria
oportunidade de estar neste local, neste momento, nesta Casa, falando aos Srs.
Vereadores e recebendo o prêmio como motorista-modelo, jamais poderia
acreditar.
Sou, no momento, obrigado a falar de improviso e trago aqui os
pensamentos que tive, após o recebimento deste prêmio. Quando tomei
conhecimento não levei a coisa tão a sério, me passou tranqüilo o recebimento
do troféu. Posteriormente ao fato, eu comecei a analisar melhor a situação e em
casa o meu filho menor que tem 15 anos me disse uma coisa que pesou muito. Que
cada vez que eu olhasse pelo retrovisor do meu carro, eu estaria vendo a
plaquinha que eu recebi e que pesaria muito, a partir deste momento, nos meus
atos na direção de um automóvel.
Eu gostaria de transmitir apenas o agradecimento à Câmara de Vereadores,
ao Departamento de Trânsito, ao Ver. Cyro Martini pela oportunidade que nos
traz; o meu agradecimento aos meus colegas agraciados nesta oportunidade. Eu
deixaria apenas, talvez até com ousadia, uma sugestão aos Srs. Vereadores para
que, de alguma forma, fosse inserido nas escolas do Município,
obrigatoriamente, o ensino de trânsito, não como campanha, mas permanente. E
explico por quê. Penso que quando se tem um automóvel, quando se conduz um
automóvel, se aprende a dirigir um automóvel, se passou pela fase primeira,
trazendo pelo lado esportivo, quando se entra no campo de jogo, tem que se
conhecer as regras do jogo, como coisas simples, como um indicador de direção
não dá direito a ninguém entrar, apenas indica quem tem prioridade numa faixa
de segurança. Para que servem as faixas marcadas nas vias, que o automóvel é um
meio de transporte e não uma arma. Feito isto, eu tenho impressão de que a
curto prazo, centenas de crianças, quando chegassem à idade de dirigir,
saberiam realmente conduzir o automóvel no trânsito. Esta, mais ou menos, é a
sugestão. Deixo, também, o meu agradecimento, porque de fato é uma honra muito
grande receber este prêmio e hoje mais aqui representando os meus colegas
agraciados nesta oportunidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Dr. Luiz Carlos
Schons, Presidente do Sindicato dos Despachantes do Estado do Rio Grande do Sul
O SR. LUIZ CARLOS SCHONS: Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente
da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Nelson Souza Soares Rassier, Juiz de
Direto da 1ª Vara de Acidentes de Trânsito; Srs. Vereadores, representantes da
opinião política da maioria dos cidadãos de Porto Alegre; das várias Bancadas;
Dr. Cyro Martini, nosso grande amigo, que nos acompanha desde o início da nossa
atividade junto ao Sindicato; meus companheiros de Diretoria; demais presentes.
Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer esta homenagem feita aos
despachantes no “Dia Nacional dos Despachantes”, que é comemorado praticamente
em todo o Brasil neste dia 27 de julho, e aproveitando o momento para dizer um
pouco mais sobre o que é o despachante realmente. Nos vários lugares onde vou,
ouço falar nos despachantes, mas penso que falta alguma coisa, pois as pessoas
não conhecem bem a atividade de um despachante, como funciona realmente. Nós
temos, no Estado do Rio Grande do Sul, aproximadamente 5 mil despachantes.
Entre esses, temos advogados, contadores, funcionários públicos aposentados,
ex-funcionários policiais, profissionais liberais que atuam em outras áreas e
trabalham nessa atividade. O despachante não é só aquele que agiliza um
processo tão rapidamente como um telex. O despachante também está presente em
outras áreas, junto às transportadoras, onde existem frotas muitas vezes de
mais de 700 veículos que precisam de emplacamento, de documentação. Lá também
tem um despachante para que aquela frota não seja prejudicada. Junto ao
transporte coletivo, às frotas de ônibus, lá também tem um despachante que
cuida da documentação, das multas, do emplacamento daqueles veículos; estamos
presentes, também, em todas as revendas de automóveis do Rio Grande do Sul,
proporcionando às pessoas que compram um veículo zero terem a documentação
providenciada junto ao trânsito. Além do mais, fazendo-nos presentes em várias
instituições como sindicatos rurais, até no próprio Touring Club, que presta
esse tipo de serviço aos seus associados, lá também temos um despachante. Assim
agradeço a oportunidade de estar aqui nesta Casa, ao mesmo tempo em que
aproveito o ensejo para solicita apoio à nossa Entidade, que é uma entidade
jovem e que procura prestar bons serviços à comunidade. Os despachantes, a sua
entidade, não foi criada nem pelo Poder Público nem por qualquer tipo de lei,
passamos a existir tendo em vista a necessidade da comunidade.
Gostaria de agradecer, ainda, ao Ver. Cyro Martini pela iniciativa que
teve em nos homenagear. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Delegado
Airton Duarte Kneip, que falará me nome do DETRAN.
O SR. AIRTON DUARTE KNEIP: Sr. Valdir Fraga, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre; Inspetor de Polícia Dario Letona, que
representa os demais motoristas-modelo, nesta última promoção do DETRAN,
CETRAN, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal
dos Transportes, do DAER, do DNER e também da Brigada Militar.
Congratulações iniciais ao Dr. Cyro Martini, pela propositura de
homenagear, através desta Casa, os motoristas-modelo, homenagear os
Despachantes, a Semana do Motorista. E nós lembramos, ainda mais, que foi no
dia 25 de julho de 1824 que aqui em nosso País aportaram também os primeiros
colonos alemães, principalmente para a região do Vale dos Sinos.
Nesta oportunidade em que homenagens são prestadas a motoristas que se
destacam no trânsito, convém também e me perdoem o exagero, que homenageemos
incluindo aqueles que conseguem sobreviver no trânsito caótico de nosso País.
Porque, na verdade, em governos anteriores, e muito anteriores, houve alguns
que diziam: não importamos automóveis porque não temos estradas; não vamos
construir estradas porque não possuímos automóveis. Já outros, mais tarde, a
partir da década de 1950, 57, 59, com a implantação da indústria
automobilística, aquelas velhas estradas que foram construídas na década de
1930, quando então o Presidente da República Washington Luiz determinava a
marcha para o Centro-Oeste do nosso Estado Brasileiro, governar é abrir
estradas e as estradas eram todas destinadas para a penetração no Estado
Nacional e se hoje temos 8 milhões 511 mil 965km2 de área do
território nacional, agradecemos aos bandeirantes, os criadores de gado e à
marcha para o centro-oeste. Assim como obtivemos essas conquistas territoriais
logo após a implantação do automóvel em nosso território, através da indústria
brasileira, as nossas estradas permanecem praticamente as mesmas, adaptáveis,
com muita boa vontade, apenas para veículos de propulsão humana e ou de tração
animal, e isso ainda perdura em nossos dias. Se hoje aqui estão homens e
autoridades que representam o Sistema Nacional de Trânsito desde aqueles da
esfera federal, estadual, tanto órgão normativos, consultivos como o CONTRAN,
Conselho Nacional de Trânsito – DENATRAN – Órgão Executivo de âmbito Federal,
CENATRAM – Órgão Executivo na esfera Estadual; DNER para as rodovias federais,
DAER para as rodovias estaduais, polícia militar ostensiva para fiscalização
das nossas vias públicas e ainda mais do Conselho Nacional do Trânsito e o
DETRAN, saibam os senhores que esses homens chamados bondosamente de técnicos
não passam bondosamente de autodidatas. Há pouco tempo que passou a existir no
território nacional a primeira Faculdade de Estudos Superiores de Psicologia de
Trânsito na Cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, pelo psicólogo brasileiro
que mais tarde estendeu o seu auxilio para a criação de um novo Instituto em
São Paul, Reineir Rosentraten. Tivemos conhecimento, há poucos dias, também, de
que só existe um Instituto Superior para a formação de Engenharia de Trânsito
em São Paulo; na área de medicina há uma cadeira chamada epidemiologia, mas não
é estudada a medicina de trânsito que deve ser aplicada e muitos desses
técnicos considerados autodidatas não entram no planejamento das vias urbanas ,
não entram no planejamento de construções de estradas, não dão a sua palavra,
embora simples, para a construção de uma rede de supermercados, para uma casa
de comércio, um estabelecimento bancário ou uma escola numa via em que há muito
fluxo de trânsito. E isso através da Casa do Povo, onde se legisla para o
Município de Porto Alegre, haja vista que a Legislação de Trânsito é de órbita
Federal, mas por proposição desta Colenda Casa Legislativa, nós podermos
melhorar, um pouquinho que seja, a Legislação do Trânsito a Nível Federal.
Hoje nó saudamos os motoristas que nunca foram notificados no sentido
administrativo; homenageamos, também, motorista que nunca cometeu acidente com
danos materiais e nem com danos pessoais, e as mulheres também estão inseridas
no contexto, porque aqui está a Srª Verena, motorista modelo representando o
sexo feminino, porque as mulheres são muito mais cuidadosas em relação ao
trânsito. Dirão alguns: mas há menos mulheres habilitadas. É verdade, mas em 10
anos, em que nós convivemos na Delegacia de Delitos de Trânsito do DETRAN, em
todos os acidentes graves é raro a participação feminina.
Lembrei-me de uma história, já que hoje nós homenageamos quem não
cometeu acidentes: o primeiro acidente de trânsito no Brasil: final do século
XIX, 1895, Baixada Fluminense. Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, o nosso
poeta parnasiano estava dirigindo um veículo que lhe tinha sido emprestado por
um grande tribuno, José do Patrocínio, que havia trazido da Europa onde havia
realizado seus estudos. Desenvolvendo a espantosa velocidade de 40km por hora,
Bilac veio a capotar, sendo considerado o primeiro acidente de trânsito no
Brasil. E a partir daí, ele que não era brasileiro, a preocupação das
autoridades, dos poderes públicos com os motoristas, já naquele tempo era muito
grande, imaginem agora em 1989.
Portanto, Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga, Srs. Vereadores, Ver. Cyro
Martini, homem que trabalhou longos anos em matéria de trânsito e Chefia de
Polícia Civil, por nosso intermédio, tendo em vista que o DETRAN é um
Departamento de Polícia Civil, só tem que se congratular com a propositura
dessa homenagem aos motorista-modelo, à Semana do Motorista, aos Despachantes
por suas representativas atividades. Receba, então, esta Casa, Sr. Presidente,
o abraço e as congratulações do Dr. Eduardo Pinto de Carvalho, Chefe da Polícia
Civil. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Cláudio Fonseca, Presidente do Conselho
Estadual do Trânsito, representando o Sr. Secretário do Estado na área de
Segurança.
O SR. CLÁUDO FONSECA: Sr. Presidente, Ver. Valdir
Fraga, da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Nelson Rassier, Juiz de Direito
da 1ª Vara de Acidentes de Trânsito, Inspetor de Polícia Dario Latona,
Motorista-Modelo da Polícia; demais autoridades e Vereadores aqui presentes. Em
primeiro lugar gostaria de expressar ao Presidente da Câmara as escusas do
Secretário de Segurança Pública que, por intermédio, por motivos alheios a sua
vontade não pode comparecer nesta solenidade.
Depois da qualidade dos oradores que me antecederam, resta muito pouco a dizer nesta tribuna, mas gostaria, de uma maneira muito sintética, de chamar a atenção para dois fatores que acho importantíssimos. Primeiro, seria esse triângulo citado pelo Ver. Cyro Martini que é: a engenharia, a educação e a fiscalização. Como engenheiro que sou, coloco todos, a área da engenharia e a área de fiscalização são setores que têm solução através dos recursos, porque essas duas áreas têm, hoje, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, pessoas competentes que simplesmente, através de recursos, poderão dar solução, assim como estamos dando solução. Então fica a área de educação. Essas duas áreas, mesmo estando em plenas condições, de nada adiantariam, porque são as duas áreas dependentes da educação. É nesta área que nós temos que investir, na área da educação. Esta área da educação ela têm também dois parâmetros diferentes. Nós não podemos pegar todos os motoristas adultos, hoje, e colocá-los numa escola para educá-los. Isso seria uma figuração.
Então o que nós temos que fazer? Como pode ser feita a educação para o
adulto? Através de uma conscientização pessoal de cada um de nós. Através de um
efeito multiplicativo. Quer dizer, cada pessoa faça a sua auto-análise de como
ela se porta no trânsito e, através deste momento, começar a divulgar essa sua
auto-análise. Isso, através, como já disse, de um efeito multiplicativo, nós
podemos atingir toda a comunidade. Devemos começar essa auto-análise através de
cada solenidade destas, porque, educar o adulto, mesmo não sendo impossível,
como disse o Ver. Cyro Marini, é difícil. O adulto tem uma mentalidade, um
intelecto formado. Então, ele é que tem que se educar. Está em nós, através de
exame de consciência pessoal através deste efeito multiplicativo, transmitir
esta auto-análise que nós fizemos a todas as pessoas que nos rodeiam e isto
através de progressão geométrica nós podemos chegar hoje, ou futuramente, numa
posição mais tranqüila em relação ao trânsito. E o segundo parâmetro é a
criança e eu acho que este é mais importante. Está na hora de nós
investimos na criança com relação à
educação de trânsito, porque estas crianças serão, futuramente, me perdoem a
radicalização, os delinqüentes futuros do trânsito que hoje nós somos. Então,
hoje, nós temos que investir na criança. A Secretaria e Segurança Pública já
está promovendo um convênio com a Secretaria de Educação do Estado para que
sejam colocadas nas escolas públicas do Estado, dentro do seu currículo,
matérias sobre trânsito. Isto somente é um início, porque esta educação para
crianças não se dá só na escola, ela se dá no dia-a-dia, no contato com os
pais. É aí que nós temos que promover a educação dos nossos filhos. Se todos
nós promovermos a educação dos nossos filhos, poderemos ter um resultado até
imprevisível. Eu gostaria, para finalizar, de parabenizar a Câmara de
Vereadores de Porto Alegre, na pessoa do seu Presidente, Ver. Valdir Fraga, e
especialmente ao Ver. Cyro Martini quer propôs esta solenidade. Gostaríamos de
dizer ainda que nós temos muito pouco a dizer, às vezes, aos motoristas-padrão,
mas temos muito a dizer aos motorista que não são homenageados. E gostaria que,
futuramente, o DETRAN tivesse dificuldade de escolher esses motoristas, porque
seriam muitos. Queria também prestar minha homenagem ao Sindicato dos
Despachantes, que é, nada mais nada menos, que o elemento iniciador, além das
diversas incumbências que o nosso representante aqui citou, iniciador do
motorista que vem e vai tomar um carro para dirigir. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar a nossa sessão
solene, comunicamos aos Srs. Vereadores que, no momento em que encerrarmos esta
Reunião, convocamos os Srs. Vereadores para a retomada da Sessão Legislativa
Ordinária, na próxima terça-feira, às 14 horas.
Encerrando, cumprimentando a todos aqui presentes, que os Despachantes
continuem mais rápidos do que o telex, nos seus escritórios, nas
transportadoras, e também os nossos dirigentes, responsáveis por essas áreas,
continuem neste ritmo excelente que nós temos acompanhado aqui na nossa Cidade.
Aos motoristas-padrão o nosso abraço, para aqueles que estão trabalhando
nos ônibus quase 24 horas por dia e não estão aqui presentes, o nosso abraço
também.
A todos muito obrigado, em especial aos companheiros de Mesa, que nos
ajudaram na condução dos trabalhos. Um bom dia e até outra oportunidade.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Reunião às 11h31min.)
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